segunda-feira, 4 de outubro de 2021

O TRÂNSITO É UM ESPELHO QUE REFLETE A NOSSA IMAGEM

 


O TRÂNSITO É UM ESPELHO QUE REFLETE A NOSSA IMAGEM

Por Gilson Nascimento

Escrevi esse artigo no ano de 2011, quando era Coordenador da Ciretran em Itabuna, ou seja, há 10 anos. Ao relê-lo agora perecia que está nos dias de hoje. Então resolvi republicá-lo, por entender que as observações do problema continuam sendo os mesmos. Provando a falta de evolução humana quando a matéria é trânsito.

Um ex-professor meu da época da Uesc, me levou a uma mistura de sentimentos essa semana, quando teve seu veículo retido em uma blitz rotineira de verificação de documentos e combate a furtos e roubos de veículos, que eu comandava na Avenida Amélia Amado, em Itabuna. O mestre em Sociologia, bastante chateado, me admoestou sob a utilização dos recursos daquela cobrança, já que: “as ruas e as estradas estavam esburacadas, a saúde um caos, a segurança um desastre e o cidadão de bem tendo seu veículo retido pela falta do pagamento de um imposto! Um verdadeiro absurdo”.

Naquele momento, em uma fração de segundos, fui transportado de volta ao banco da universidade, num processo de percepção consciente, quando na qualidade de aluno ficamos atentos e obcecados pelo mestre. Ele que, prostrado à frente da turma, de forma catedrática e irretocável, nos transmite as informações com sabedoria e inteligência.

Mas, por sorte e destino, tive outra mestra, que me permitam declinar o nome, minha saudosa Tia Agenilda, que me ensinou o ponto de equilíbrio entre a verdade e a validade. E pude perceber que o professor da Uesc tinha razão em questionar a utilização dos recursos arrecadados pelo Estado em benefício do bem comum.

Contudo, o nobre catedrático não tinha o direito de condicionar sua postura de cidadão preocupado com a melhoria da qualidade de vida de todos, como subterfúgio e mecanismo de defesa, para justificae o descumprimento de uma norma legal, infringindo o ordenamento jurídico.

O nosso transito é sim: perverso, bagunçado, desordenado, desumano e tantos outros adjetivos que possamos enquadrar para demonstrar nossa insatisfação com quem tem o dever de cuidar do equilíbrio do direito de ir e vir. Agora, não podemos só responsabilizar as autoridades constituídas. Faça um teste: coloque um pedaço de papel e uma caneta no bolso no início do dia e passe a anotar quantas infrações você irá cometer até o final do dia. Certamente, todos nós cometeremos no mínimo cinco infrações diárias, das mais diversas: atravessar fora da faixa, não dar prioridade ao pedestre e ou ciclista, desrespeitar a sinalização, não colocar o cinto de segurança, estacionar irregularmente na vaga do idoso ou do deficiente, dirigir falando ao celular… e por aí vai.

Na verdade, o trânsito funciona como um espelho. Reflete nós mesmos.

*Bacharel em Administração, Bacharelando em Direito, Especialista em  Mobilidade Urbana e Trânsito Pós-graduando em Direito e em Administração Publica.

 No Ipolitica.

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