sexta-feira, 12 de março de 2021

Por falta de matéria-prima, produção de caixões pode ser interrompida

 

Foto: Reprodução

As fábricas de urnas funerárias em Feira de Santana e em outras cidades do país correm o risco de terem a produção suspensa por conta da falta de matéria-prima. É o que afirma André Torres, proprietário de uma fábrica. De acordo com ele, o MDF, principal elemento na confecção dos caixões, está em falta.

"Basicamente, as urnas são compostas com madeira pinus, o MDF, as tintas, verniz e o acabamento interno como o forro, além das alças. Essa falta já tem mais ou menos uns 6 a 7 meses que estamos com essa dificuldade de encontrar, inclusive alguns materiais que estava comprando aqui em Feira mesmo, hoje já não tem e aqui para nossa produção, o MDF é o elemento mais importante que faz o fundo e a tampa do caixão", explicou.

Para não atrasar a confecção das urnas, André precisou realizar a compra do material na cidade de Aracaju e explicou que o posicionamento dos fabricantes é relacionado a pandemia.

"Ontem eu comprei 150 folhas de MDF em Aracaju, onde eu achei uma loja de revenda, porque os fabricantes não estão querendo vender. Segundo eles, é por conta da pandemia, onde na verdade, não tem nada haver. Antes até tinha por conta da paralisação das fábricas, mas acredito que essas fábricas estão exportando esse material devido a valorização do dólar e deixando de abastecer o mercado interno", disse.

Em todo o Brasil, cerca de 13 fabricantes fornecem o MDF. De acordo com André Torres, quando existe a disponibilidade do material, não é vendido na quantidade necessária.

"São várias fábricas em todo o Brasil, cerca de 12 a 13 ao total. Trabalhamos com algumas de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso e nenhuma delas está tendo em estoque. Quando tem, me ligam dizendo que a carreta chegou, e vamos supor, a carreta trás 12, 13 paletes e me dizem que só tem 6 disponíveis para mim ou até mesmo, 3 paletes e aí eu tenho que ir lá buscar", afirmou.

Por mês, cerca de 2.600 urnas são fabricadas. Caso não seja regularizado o envio de MDF para a fábrica, é provável que todo estoque de urnas dure por apenas dois meses, segundo o proprietário.

"Aqui nós fabricamos cerca de 2.600 urnas por mês. Em termos de fabricação, eu tenho material para uns 15 a 20 dias, com relação às urnas em estoque, é provável que dure até pelo menos dois meses, caso não regularize essa situação do insumo, principalmente do MDF. Atualmente, nós temos aqui cerca de três mil urnas estocadas", explicou.

Sem previsão de reposição de material, André Torres informou ao Acorda Cidade que a falta dessas urnas funerárias pode não atingir apenas Feira de Santana, mas como o Brasil inteiro.

"Essa situação não restringe apenas Feira de Santana, porque é de forma geral. Algumas empresas de São Paulo e outras regiões já fecharam as portas e aqui mesmo, já estamos dando férias para alguns setores porque não tem como rodar, já que não se tem uma produção como antes e o pior, férias são 30 dias e depois, a gente vai fazer o quê? Nossa fábrica distribui para outras cidades aqui do estado da Bahia, parte do Tocantins e Pará, então falando aqui da nossa fábrica, temos o material em estoque para no máximo 60 dias", concluiu.

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