sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Justiça reconhece inocência de policial civil que foi perseguido após investigar delegado em Ilhéus

 

Sandro Rosa e Gilberto Mouzinho.

Uma sentença da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ilhéus, assinada na última terça-feira (21), trouxe um desfecho histórico para um dos casos mais vergonhosos da Polícia Civil da Bahia. O juiz Alex Miranda reconheceu a inocência do policial civil Sandro Rosa de Carvalho, acusado injustamente de corrupção há mais de duas décadas, após investigar o envolvimento de um delegado em um esquema criminoso.

O caso teve início em 2000, quando Sandro Rosa apurava o furto de caçambas em Ilhéus. As investigações apontaram o Delegado Regional de Itabuna, Gilberto Mouzinho, como envolvido. A partir daí, Sandro passou a sofrer perseguições internas e ameaças de transferência, após se recusar a interromper as investigações por ordem de superiores.

Pouco depois, um homem ligado a Mouzinho o acusou falsamente de extorsão e roubo de um caminhão inexistente. Em 2001, Sandro foi preso publicamente, humilhado e chamado de “marginal” e “corrupto”, mesmo sem provas. Um Habeas Corpus posterior reconheceu a ilegalidade da prisão, mas ele foi demitido a bem do serviço público em 2002 — decisão contrária ao próprio relatório administrativo, que não encontrou irregularidades.

Sandro só foi reintegrado em 2005, após determinação do Tribunal de Justiça da Bahia, mas já enfrentava síndrome do pânico e sequelas psicológicas graves.

Na sentença, o juiz afirmou que o caso representa um “verdadeiro banditismo dentro da instituição policial” e destacou a gravidade da perseguição sofrida. O magistrado também lembrou que, em 2002, o delegado Gilberto Mouzinho e sua equipe foram presos por formação de quadrilha, com envolvimento em assassinatos, tráfico e assaltos, confirmando as denúncias feitas por Sandro anos antes.

O Estado da Bahia foi condenado a indenizar o policial em R$ 600 mil por danos morais, reconhecendo o sofrimento e os prejuízos causados. A decisão ainda cabe recurso. (Blog do Gusmão)

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