
A profissionalização da meliponicultura – nome dado à criação racional de abelhas sem ferrão – foi o foco dos debates realizados na terceira edição do Encontro Uruçu na Cabruca, que reuniu cerca de 200 pessoas, entre meliponicultoras(es), especialistas e convidadas(os), na última terça-feira (23), em Uruçuca. A programação foi marcada por rodas de conversa e oficinas sobre boas práticas no manejo de abelhas nativas sem ferrão no contexto da agricultura familiar no Sul da Bahia.
O evento foi promovido pela Tabôa Fortalecimento Comunitário e pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Uruçuca, com apoio do Ministério Público do Estado da Bahia, Instituto humanize e Sebrae, e é parte do projeto Uruçu na Cabruca, que, desde 2019, já alcançou mais de 170 agricultoras e agricultores familiares nos municípios de Ilhéus, Itacaré, Uruçuca, Camamu e Ibirapitanga. Por meio da iniciativa, apoia-se famílias agricultoras na prática da meliponicultura, associada a outras atividades agrícolas que já desenvolvem, a exemplo do cultivo de cacau cabruca, contribuindo para maior empoderamento econômico, segurança alimentar e também para a proteção da biodiversidade, uma vez que as abelhas são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas locais.
O tema do encontro realizado nesta semana alinha-se à proposta de fomentar o potencial socioeconômico e ambiental da criação de abelhas da espécie Melipona mondury, conhecidas como Uruçu Amarela. “Foi um momento para abordar conceitos importantes para a profissionalização da prática entre os participantes da iniciativa, para que gerem renda a partir de produtos e subprodutos da meliponicultura, como o mel, própolis, venda de colônias, ou mesmo, ter, entre os participantes, futuros extensionistas que possam formar outros meliponicultores ”, comenta Felipe Humberto, gerente de Restauração e Cadeias Produtivas, da Tabôa.
Julianna Torres, responsável pelo setor de meliponicultura do IF Baiano e integrante da coordenação do projeto, junto com a Tabôa, ressaltou a importância da atualização de conhecimentos e do intercâmbio de experiências proporcionados pelo encontro. “Cada comunidade tem suas características, suas particularidades. Então, quando a gente reúne várias comunidades em um único ambiente, é um momento de muitas trocas. Boa parte dos grupos já tem produção de mel e essa foi uma oportunidade para os que estão chegando agora perceberem melhor o potencial da prática”, explica.
A implantação de pastos melitófilos e técnicas para colheita e extração de mel foram alguns dos temas debatidos no encontro, valorizando o diálogo entre os diversos tipos de conhecimentos. “Esse é o momento de troca de saberes entre os meliponicultores e entre os convidados da área de meliponicultura, e também é uma oportunidade de fortalecer os vínculos entre aqueles que estão há mais tempo no projeto e os que chegaram mais recentemente. É um marco anual onde é possível renovar as experiências do dia a dia da prática”, destaca Leia Dias, coordenadora de meliponicultura na Tabôa.
Sobre o Uruçu na Cabruca – Por meio de atividades formativas, apoio para implantação de meliponários e acompanhamento técnico especializado para famílias agricultoras, o projeto visa fomentar a criação de um polo regional de meliponicultura, gerando alternativa de renda complementar para agricultores(as) familiares e disseminando práticas sustentáveis para a preservação da Mata Atlântica e da abelha Uruçu Amarela. O Uruçu na Cabruca é realizado em parceria pela Tabôa Fortalecimento Comunitário e pelo IF Baiano – Campus Uruçuca. E conta com os apoios do Ministério Público do Estado da Bahia, que também participou de sua concepção, e do Instituto humanize.
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