sexta-feira, 25 de julho de 2025

Sobretaxa de Trump pode gerar perda de US$ 5,8 bilhões para o agronegócio brasileiro, diz CNA

 

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) calcula que o agronegócio deixará de exportar US$ 5,8 bilhões aos EUA com a sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump sobre os produtos brasileiros. O valor representaria uma queda de 48% nas exportações de produtos internos ao mercado norte-americano.

A sobretaxa está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Até o momento, os canais de negociação formal entre o governo brasileiro e o americano seguem fechados.

Segundo a entidade, a sobretaxa praticamente zera a exportação de suco de laranja brasileiro para o mercado norte-americano. O produto está na lista da CNA como o mais afetado pelas tarifas de Trump.

“Alguns produtos sofrerão mais impacto que outros, caso dos sucos de laranja, em que a tarifa se tornaria impeditiva para o produto brasileiro. […] Produtos como o café verde teriam um menor impacto relativo, devido à queda na oferta do grão no mercado internacional nos últimos anos”, diz a entidade.

Em 2024, as exportações de suco de laranja totalizaram US$ 795 milhões, segundo a CNA.

Além do suco de laranja, o setor açucareiro também deve sofrer forte impacto. A estimativa é de que açúcares de cana tenham uma redução de 74% do volume exportado, em relação ao ano passado.

Carnes bovinas devem ter uma queda estimada de 47%, enquanto o café pode ter uma redução de 25%, caso a sobretaxa se confirme.

O cálculo é baseado na elasticidade das importações dos Estados Unidos, considerando a tarifa de 50%, que mede o quanto a quantidade importada reage a mudanças no preço dos produtos importados.

“Assumiu-se que o choque causado nas tarifas seria integralmente transmitido para os preços de importação. Ou seja, uma elevação de 50% nas tarifas elevaria em 50% os preços final”, afirma a CNA em nota.

Antes mesmo de entrar em vigor, a sobretaxa já tem afetado diferentes setores da economia brasileira, como manga, pescados e carne.

O governo Lula e o empresariado já estudam formas de reagir à medida do governo americano, caso ela se efetive. Entre integrantes do Executivo, existem dúvidas de que as sobretaxas sejam revertidas antes de 1º de agosto.

Na última quarta-feira (23), Trump fez referência a países que foram alvo de uma tarifa de 50%, caso do Brasil, e disse que as taxas impostas pelo seu governo são para aqueles com quem os EUA “não têm se dado bem”.

 

Matheus dos Santos/Folhapress

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