Eurípedes Martins, de 58 anos, conhecido como Ouripão, foi absolvido de acusações de estupros e mortes de cinco mulheres no estado de Minas Gerais, 18 anos após ter sido preso. O homem afirmou ter sido coagido, por meio de violência física e psicológica, a confessar os crimes.
Segundo investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PC-MG), entre os anos de 2004 e 2006 vários restos mortais como crânios e arcadas dentárias com sinais de violência foram encontrados em várias partes da cidade. Como medida de proteção, as aulas noturnas da cidade foram paralisadas.
Eurípedes Martins foi preso após a Polícia identificar as características físicas dele a partir de um retrato falado feito por uma pessoa que teria fugido após ser abordada pelo suposto criminoso. Na casa de Eurípedes foi encontrada uma calcinha, identificada pela filha de uma das desaparecidas.
Eurípedes foi apontado como suspeito de cometer cinco estupros e assassinatos de mulheres entre 13 e 41 anos. Após ser preso, Eurípedes chegou a confessar os crimes, mas depois passou a negá-los, afirmando ter sido influenciado a assumir a responsabilidade pelos assassinatos.
Segundo o delegado Wagner Pinto de Souza, da Divisão de Crimes Contra a Vida, que conduzia o caso a época, o responsável pelas mortes agia sempre da mesma maneira: vigiava as vítimas enquanto andava de bicicleta pela cidade e espera uma oportunidade para convidá-las a um passeio. Após levar as vítimas para matagais na área rural, o criminoso as espancava, utilizando pedras e pedaços de madeira e depois as estuprava até a morte.
Devido às acusações, Eurípedes foi o único suspeito dos crimes ocorridos entre 2004 e 2006 e apontado como o Maníaco de Jaguari. Conforme o homem, ele foi coagido a confessar. “Os detetives fizeram pressão psicológica em mim, me bateram para eu falar uma coisa que não fiz”, afirmou, em entrevista à TV Integração.
O advogado de Eurípedes, Paulo Braganti, afirmou não haver ligações entre as vítimas e o cliente. “Não sabemos porque ligaram o Eurípedes a esses casos, mas a gente sabe muito bem que a sociedade precisava de uma resposta. Acho que acabaram chegando nele, uma pessoa simples e humilde porque alguém disse na cidade que a pessoa teria algumas características que poderiam parecer com as dele”.
Após a última sessão, realizada no fim de julho, Eurípedes foi absolvido dos últimos 3 casos aos quais foi acusado. O homem foi preso em 2006, após a confissão, mas solto em 2007 e desde então, aguardava o julgamento em liberdade. Em 2019, o homem foi absolvido do homicídio de uma jovem de 13 anos.
À época, o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) apresentou a confissão feita por ele ao ser preso, mas a defesa afirmou que o homem foi coagido a confessar, bem como teria problemas físicos que o impossibilitariam de cometer o crime. Após o julgamento, o MP-MG protocolou o recurso, mas em 2022, a absolvição foi mantida. Em 2024, Eurípedes foi absolvido de mais quatro casos por falta de provas.
Eurípedes afirmou sentir que um peso lhe foi tirado das costas após tantos anos sendo apontado como o criminoso. Ele afirmou que, de agora em diante, quer esquecer os anos como suspeito.
BN
Nenhum comentário:
Postar um comentário