segunda-feira, 29 de março de 2021

Ernesto Araújo pede demissão após pressão do Congresso

 – O embaixador Ernesto Araújo se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, 29, e entregou seu cargo. A informação foi repassada ao Estadão por pessoas que acompanham a discussão sobre a saída do chanceler. Ernesto passou pouco mais de 800 dias à frente do Itamaraty e vinha sendo contestado dentro e fora do governo. Na visão de parlamentares, especialistas e empresários, a atuação do chanceler na pasta, considerada ideológica, prejudicou o País na obtenção de insumos e vacinas para combater a covid-19.

Ernesto cancelou compromissos nesta segunda-feira com autoridades estrangeiras para discutir seu futuro. E foi chamado de última hora por Bolsonaro no Palácio do Planalto. Na reunião, segundo aliados, o ministro disse ao presidente estar disposto a deixar o cargo para não ser mais um problema para o governo na relação com o Congresso. Auxiliares diretos do ministro consideram que a situação é “irreversível”. Uma nova reunião está prevista para o fim da tarde.

Apesar de Ernesto colocar o cargo à disposição, Bolsonaro ainda não escolheu o substituto. O nome mais forte no Palácio do Planalto é o do almirante Flávio Rocha, atual secretário de Comunicação Social e da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Rocha, que tem o apoio do ministro das Comunicações, Fabio Faria, é considerado habilidoso, já cumpriu missões em nome de Bolsonaro na Argentina e na China em momentos delicados na relação com esses países e fala cinco idiomas. É atribuída ao militar todo o recuo que o presidente faz quando radicaliza o discurso.

No Itamaraty e na Marinha, contudo, há resistências porque sua nomeação colocaria um almirante da ativa na linha de frente do governo. A situação seria semelhante a de Eduardo Pazuello, que assumiu o Ministério da Saúde como general da ativa e, nesta condição, não teve condições de contrariar o presidente em momentos importantes da pandemia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário