quarta-feira, 20 de junho de 2018

Odebrecht faz novo acordo e denuncia cartel em São Paulo


Sede da Odebrecht em São Paulo
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE) anunciou nesta terça-feira, 19, ter obtido provas de que a Odebrecht e mais 11 empreiteiras formaram um cartel para fraudar sete licitações de obras viárias na cidade de São Paulo no valor de R$ 4 bilhões. Os contratos foram assinados entre 2008 e 2011, na gestão do ex-prefeito da capital e hoje ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD). Segundo a Promotoria, o esquema foi coordenado pelo engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa (2007-2010), e também contou com a participação do ex-secretário municipal de Infraestrutura e braço direito de Kassab no ministério, Elton Santa Fé Zacarias. Ambos teriam cobrado 5% de propina sobre o valor dos contratos – Zacarias ainda teria recebido R$ 200 mil em dinheiro da Odebrecht em 2011. De acordo com o promotor Silvio Marques, as provas foram obtidas mediante um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com a Odebrecht em abril. Quatro executivos da empresa, entre eles o ex-diretor Benedicto Junior, confirmaram o esquema em novos depoimentos prestados aos investigadores em São Paulo. Pelo acordo, o quinto assinado pelo MP paulista com a Odebrecht, além de provar os crimes denunciados, a empreiteira se comprometeu a pagar indenização de R$ 7 milhões à Prefeitura em 22 anos. Em troca, ela se livra de ação na Justiça e continua apta a participar de licitações em São Paulo. O valor corresponde a 25% dos R$ 28 milhões que a empresa recebeu na obra do túnel Roberto Marinho, contrato obtido mediante acerto do cartel, segundo o MP paulista, mas que foi suspenso pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), sucessor de Kassab. “Este valor (R$ 7 milhões) é simbólico. O mais importante é que a Odebrecht confirmou e entregou provas sobre a participação das demais empresas no cartel. Esperamos agora que as outras empresas nos procurem para assinar novos acordos, caso contrário serão alvo de ação na Justiça”, afirmou Marques. O Estado apurou que a Andrade Gutierrez negocia um acordo com o MP. A empresa não quis se manifestar. A defesa de Paulo Vieira disse que não teve acesso ao conteúdo. O engenheiro tem negado ter recebido propina. Já Kassab e Elton Santa Fé Zacarias não se manifestaram até a conclusão desta edição. Em nota, a Dersa afirmou que “as obras foram licitadas de acordo com a lei” e que está “à disposição dos órgãos de controle para colaborar com as apurações”.
Estadão Conteúdo

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