quinta-feira, 29 de maio de 2014

COPA DO MUNDO NO BRASIL , DE UM LADO O LUXO, DO OUTRO A MISÉRIA TOTAL.

Otávio dos Santos sobrevive quebrando as mesmas pedras que destruíram seu bairro, em Teresópolis
As mesmas rochas que em janeiro de 2011 desceram os morros da região com a força da água destruindo tudo o que estivesse pela frente se tornaram o sustento do senhor de 60 anos. Ele vende cada metro de pedra por R$ 40. "Perdi muito parente aqui. Mas tenho que seguir na luta, hoje sobrevivo vendendo minhas pedrinhas."
Terra tomou conta de casas no Bairro do Campo Grande, em TeresópolisO desastre provocado pelas chuvas que assolaram a Região Serrana do Rio de Janeiro há três anos é considerado a maior tragédia natural da história do país, uma das dez piores do mundo neste século, segundo a ONU - Organização das Nações Unidas. "Foi um tsunami da serra", define Alexandre Foti Capelle, 72 anos, antigo morador do local..
"Aqui em cima dessa rua foram 160 mortos, 70 são familiares e pessoas próximas dele", diz Marcos Vidal apontando para o amigo José Luís, que até hoje não encontrou os corpos de sua mãe e de sua sobrinha. "Tive sorte que minha casa fica no alto, de lá eu vi tudo, virou um grande mar. Consegui socorrer duas crianças que estavam em cima de um prédio. Uma terceira morreu."
Os corpos encontrados eram colocados no gramado do Posse Futebol Clube, time de várzea local e de lá eram levados por helicópteros.
Sem futuro
O fenômeno não tem precedentes recentes na região, mas segundo geólogos, deslizamentos desse tipo acontecem há milhões de anos por ali e podem se repetir a qualquer momento. Apesar do trauma e do aviso, muitas pessoas não arredam pé.
Elias Danta conta que inicialmente foi informado pelo INEA - Instituto Estadual do Ambiente - de que sua pousada não seria afetada pela construção de uma represa perto da propriedade, mas que o sítio de um influente vizinho - "o governador desce de helicóptero para falar com ele", relata -, teria o terreno comprometido. Depois de ter reformado seu patrimônio, Danta descobriu que os planos mudaram e que ele pode, sim, ser obrigado a ir embora.
Catarino diz ter recebido uma proposta de indenização por parte do INEA de R$ 55 mil para abandonar a própria casa, mas garante que a quantia é insuficiente: ele reclama que os preços dos terrenos nos arredores saltaram de R$ 30 mil para R$ 90 mil. Alguns aceitaram o dinheiro e hoje vivem de aluguel.

Igreja destruída pelas chuvas em Teresópolis"Essa Copa do Mundo é a mais cara da história, gastaram mais de R$ 1 bilhão com estádio e nada de casa pra mim? Se o Estado tirou R$ 500 milhões pro Corinthians construir estádio por que eu também não posso ganhar? O Corinthians não paga imposto, o Flamengo não paga imposto, esses times devem milhões, mas eu pago. Vai fazer Copa na Inglaterra, nos Estados Unidos, no Japão e na Coreia que lá já está tudo pronto. Eu que não vou torcer pro Brasil nessa porcaria."

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