segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CAMACAN - COMEMORAR O QUE?

Na década de 70, precisamente no ano de 1977, Camacan se
encontrava em um momento de grandes realizações, obras de
infra-estrutura da cidade iam se consolidando nas gestões iniciais da prefeitura, todas elas representando o continuísmo político dos Moura (família tradicional) no poder municipal. A facilidade de angariar recursos, permitia o desenvolvimento da cidade de maneira rápida. De 1977 a 1982, a gestão do prefeito Luciano José de Santana marcou pelas obras de estruturação municipal.  Luciano era considerado o maior produtor de cacau individual do mundo e Camacan já possuía seis agências bancárias facilitando a linha de financiamento e crédito, três mil habitações rurais, dezesseis empresas privadas compradoras de cacau, duas cooperativas além das presenças do ICB e CEPLAC. Luciano Santana iniciou uma série de implementos em Camacan. Ainda por cima, no mesmo ano que ele assumiu o poder executivo (1977) a cotação do cacau chegou à US$ 4.329/tonelada. Foi a maior cotação da história. Foi também nessa gestão municipal que os caciques políticos camacanenses resolveram instituir a ‘Festa do Cacau’, com a coordenação de Iara Pellegrini, em comemoração à data de emancipação política do município. A festa tinha por objetivo realizar uma comemoração que fizesse jus ao porte econômico de Camacan. A exuberante produção camacanense, que no ano de 1983 atingiu um milhão e trezentas mil arrobas de cacau em amêndoas, gerava uma conjuntura econômica favorável, proporcionando a auto-suficiência dos produtores e a reproduzindo como nunca a ideia do ‘eldorado’. Segundo o IBGE, a população de Camacan era de 40.498 moradores, sendo que 25.538 habitavam a zona rural do município em 1980. Assim, a prefeitura urbanizava a cidade com poucas dificuldades: um novo acesso de Camacan até a BR-101, além de jardins, um estádio de futebol, colégios e um novo prédio para a Prefeitura Municipal foram construídos na década de 80.

 O grande ‘golpe’ para a desestruturação financeira da lavoura cacaueira de Camacan, foi o advento da vassoura-de-bruxa em 1989.  A crise dura há quase duas décadas, e alterou drasticamente a vida sócio-econômica e política camacanense. Os reflexos desta crise são visíveis na expulsão dos habitantes da zona rural; no desemprego dos trabalhadores rurais; nas mudanças das relações políticas e sociais dos cacauicultores descapitalizados; na degradação do ecossistema, com a derrubada dos remanescentes da Mata Atlântica; na publicação de dois decretos de ‘Calamidade Pública’; e na deterioração do espaço urbano municipal. Os impactos da crise constituíram os contratempos ao período imediatamente anterior ao colapso econômico da cacauicultura camacanenses. : Reportagem do Jornal da Bahia em 1977 “a cidade era a mais rica do Estado, pois a Prefeitura Municipal tinha a maior receita da época (21 milhões de cruzeiros); tinha a maior produção de cacau do mundo, com 1.300.000 arrobas, superando Ilhéus em 15 mil arrobas. Paradoxalmente, Camacan tinha o maior custo de vida do Estado. O quilo da carne de boi era o mais caro da Bahia: Cr$ 60! As escolas estaduais não tinham professores, porque o salário não pagava nem o aluguel de uma casa simples em Camacan. O mais barato custava Cr$ 4.000,00 e o salário oferecido era de 3.800,00 cruzeiros...” 

Camacan tinha nessa época motivos e dinheiro de sobra para comemorar, mas, nos dias atuais, qual é mesmo o motivo de se fazer uma festa, contratar bandas, ornamentações e outras coisas inexplicáveis, gastando verbas que o governo municipal diz que não tem para outra ações prioritárias?

fonte - -SANTOS, Renato Zumaeta Costa dos. "Contratempos: Cacau e Cacauicultura em Camacan (1980 - 1990)". In: Antônio Pereira Sousa; Janete Ruiz Macêdo; Carlos Roberto Arléo Barbosa. (Org.). Cacauicultura: A Ceplac e a Vassoura de Bruxa em Camacan (Cadernos do CEDOC). Ilhéus: Editus - UESC, 2007, 

2 comentários:

  1. È verdade que nessa época, dos anos 70 e 80 o sul da Bahia camacan e seus distritos viveran as melhores fases da época tinhamos grandes festas comemorativas que eram pratocinadas pela prefeitura e comerciantes da região, a festa da emacipação de camacan e o cacau era a melhor da região cacaueira. gandes bandas musicais da época, e varias apresentações, eram apresentadas, o são joão de jacarecy, são joão do panelinha eran grandes festas comemorativas da nossa região.mais no fim da decáda dos anos 80 a malvada infeliz vassoura de bruxa como é conhecida pelos cacauicultores, pois um fim em nossa região deixando um rastro de devastação, nossa safra de cacau acabou retando muito pouco das nossas riquezas. caros amigos eu vi de perto essa angustia e o desesperos, dos fazendeiros que ficaram sem nada e devendo o que não tinha , sendo obrigado a vender suas propiedades , e se emigrar para outars regiões é lamenentavel e cruel mais é a mais pura verdade . eu vi e vivi com voçeis toda essa desfalençia. fica aqui o meu desabafo . um abraço a todos.................

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